Monday, October 11, 2004

A menina reclama:
- Mãe, você é muito chata!
A menininha vem me defender:
- Não é não! Mãe você é um pouco legal.

B. chegou da escola e entregou para a mãe um papelzinho com seu nome (de B.)
- É pra você não me esquecer quando você morrer.
- Meu amor, eu nunca vou esquecer você!
- Como você sabe? Você não vai poder me ver. Não vai poder me escutar. Não vai poder levantar. Não vai poder se mexer.
Você vai estar des-li-ga-da.

:-)

Thursday, September 30, 2004

A verdade é que eu não caibo dentro de mim.
Quando fecho os olhos eu sinto e sei que sou muito mais. Me estendo da Sibéria a Timbuktu, passando por Vênus e São Pulo. Abraço a amiga que já se foi. Sinto o cheiro do bolo que a vovó fazia e escuto a sua risada (que também não cabia dentro dela). Vejo as meninas grandes e o amor maduro. Vôo no espaço, me impregno de sol e danço entre as estrelas. Como javalis numa pequena aldeia da Gália, desço ao inferno com o Sandman. Embalo o filho que talvez nunca tenha. Sou toda luz e cor.
Minha expansão espacial e temporal esbarra somente nas pedras que largo displicente ou minuciosamente no caminho... e nos muros que construo mesmo sem saber.

Meu limite sou eu, mas eu não caibo dentro de mim.

Aniversário de cria

A menina faz oito anos. Começa a se insinuar a mulher que ela um dia vai se tornar.
Eu comemoro por elas.
E pela mulher que ela me tornou.

Monday, September 06, 2004

Os micos passeiam bem perto da janela do escritório, mas há muito tempo não se aproximam a ponto de comer banana das nossas mãos.
Acho que têm medo dos cachorros.
A menina de 7 anos machucou o pé e tem que ficar de molho.

‘Mãe, já fiz meu planejamento diário.’


.

De quem será que ela herdou essa ânsia leitora? :-)

Cena doméstica

Domingo modorrento. Dormimos no sofá depois do almoço.
Acordamos c/ risinhos hihihihi e os cabelos cheios de piranhinhas coloridas.
Quando fiz 33 anos, me dei 2 presentes: um conjunto de panelas de inox e um funboard.

Aprender a surfar tem sido uma das experiências mais humbling* da minha vida.
A primeira etapa foi resolver me despir de qualquer senso do ridículo e me meter lá no meio dos menininhos. Fazer escolinha mesmo. (
Aliás, despir-se do senso do ridículo tem grandes vantagens e eu estou adorando. Mas isso é outra estória... )

Sempre me dei bem em esportes. Achava que ia chegar e arrasar em poucas tentativas.
Ora, pois!, como dizia minha Vó Maria. Levei um tempão pra conseguir ficar em pé na prancha e sempre tava muito pra frente ou muito pra trás ou muito pro lado. Fora quando tava tudo certo e, mesmo com toda a imensidão do mar, tinha um figura bem na minha frente.

E eu lá, em pé, poderosa, os braços abertos, o vento nos cabelos, singrando as ondas que nem Elvis Presley em filme de sessão da tarde da minha época!

É uma delícia! E uma ótima desculpa pra ir à praia sozinha pelo menos uma vez por semana.

Só que...
- Agora temos um só carro e eu não tenho cara de explicar que as crianças vão pra escola de ônibus, porque eu TENHO que ficar com o carro hoje pra ir à praia pegar onda.
E eu ainda não me despi do senso do ridículo o suficiente pra encarar um ônibus com uma prancha de surf debaixo do braço.
- A praia boa aqui perto pra quem tá aprendendo tá sempre lotada de mulequinho disputando a onda comigo.
- As outras praias boas pra quem tá aprendendo ficam a pelo menos 1 hora de viagem.
- E o pior... Quando eu tenho tempo não tem onda e quando tem onda eu não tenho tempo.

Resultado:
A prancha tá empoeiradinha, mas esperando sua vez.
As panelas tão em pleno uso.

* Desculpe, mas não encontro uma palavra que traduza isso direito. Uma coisa humbling é uma coisa que te traz modéstia, humildade. No bom sentido, não no sentido de humilhação.

Humble está para humiliate assim como solitude está para loneliness.
Agora procura no dicionário :-)


Thursday, September 02, 2004

eu crio minhas filhas
a cada olhar
a cada silêncio
a cada palavra
a cada sorriso
a cada falta
de tempo
de saco
de atenção
de controle
a cada falta
a cada dia
a cada música
a cada choro
conversa
briga
a cada certeza
a cada carinho
a cada escolha

eu me recrio


Ter filhos e criá-los é cada dia gerar e pari-los outra vez sem descanso
Lya Luft

Sunday, August 29, 2004

Ela diz que existe uma depressão que acomete as mulheres aos trinta e poucos anos.

Eu acredito

Tem horas em que tudo o que eu quero da vida é ele dentro de mim.